A final da edição de 2017 do Festival Eurovisão da Canção decorreu na noite deste domingo, em Kiev. Salvador Sobral, com “Amar pelos Dois”, foi grande vencedor.

‘Se um dia alguém, perguntar por ele’, poderemos dizer que foi o responsável pela primeira vitória de Portugal na Eurovisão. Ao fim de 48 participações, Portugal venceu o festival e tudo graças aos irmãos Sobral – Luísa, a compositora do tema, e Salvador, o interprete de “Amar Pelos Dois” que conquistou a Europa.

Portugal foi o país mais votado por parte dos jurados de cada país em concurso, com 382 pontos. Em segundo lugar ficou a Bulgária, 278 com pontos, seguida da Suécia (218). Somando os pontos dos jurados e do público, Portugal conquistou mais 758 pontos.

Em Kiev, a arena aplaudiu Salvador que, tal como aconteceu na final nacional, chamou Luísa Sobral para cantar “Amar pelos Dois”.

“Vivemos num mundo de música descartável, música fast food, sem qualquer conteúdo e isto pode ser uma vitória para a música, das pessoas que fazem música que significa qualquer coisa. Música não é fogo de artificio, música é sentimento. Vamos tentar mudar isso. Vamos trazer a música de volta ao que realmente importa”, disse Salvador Sobral ao subir ao palco para receber o prémio.

“É uma boa vitória para a música. É um bom passo as pessoas terem gostado desta música”, frisou em entrevista à RTP1. “O Caetano Veloso fez um vídeo a dizer que queria que eu ganhasse a Eurovisão… vale mais que esta coisa (o troféu)”, brincou o jovem de 27 anos, acrescentando que vai tentar vender o troféu na internet.

Um dos mais antigos instrumentos musicais electrónicos, aprecie esta beleza!

É incrível, eu sempre pensei que era uma voz que produzia o som …
Por favor, leia a explicação antes de clicar para ouvir e assistir.

Ennio Morricone – O Theremin . * Interpretado por Katica Illenyi.

O Theremin é um dos mais antigos instrumentos musicais electrónicos, inventado em 1919 pelo russo Lev Sergeyevich Termen. Consistindo de uma caixa electrónica com duas antenas, o instrumento tem a distinção de produzir música sem ser tocado pelo músico. Na sua versão mais comum, o lado direito controla o tom da nota, variando a sua distância da antena vertical. A antena horizontal, em forma de laço, é usada para variar o volume de acordo com a sua distância a partir do lado esquerdo.

OS DEAD CAN DANCE

Cânticos gregorianos, mantras do Oriente, música medieval, ritmos africanos e uma fabulosa voz de

contralto  de Lisa Gerrard. Rótulos não são com eles…já que tal riqueza musical é tão variada

que seria redutor e inadequado inseri-los em algum

stilo definido. Confusos? São os Dead Can Dance.

 

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© Dead Can Dance, Lisa e Perry.

O seu aspecto angelical e frágil faz-nos suspeitar que a doçura que transparece se prolongue na sua voz. Engano puro. Em cima de um palco Lisa Gerrard solta o diamante em bruto que carrega dentro de si : a sua voz. Dramática, profunda, vibrante. Lisa projecta a voz como um furacão sonoro que por onde quer que passe nos agita emocionalmente.

A banda reuniu-se em 2005 para uma tournée mundial. Foi um marco considerável pois teve o dom de juntar os dois fundadores e protagonistas dos Dead Can Dance desde a separação em 1998. Algo que curiosamente se repetirá para encanto dos muitos fãs. Está agendada uma nova tournée em finais de 2012 para promover o novo álbum Anastasis.
Lisa Gerrard e Brendan Perry, que já foram casados, voltaram a encantar e a espalhar melâncolia pelo público fazendo a audiência recordar os áureos anos 80. A banda começou precisamente em 1981 em Melbourne, Austrália. O casal mudou-se entretanto para Londres em 1982 com mais elementos, a saber: Paul Erikson na guitarra- baixo e Somon Monroe na bateria. No entanto a formação no Reino Unido mudará para Brendan Perry vocalista e guitarrista, Lisa Gerrard, vocalista, James Pinker nos teclados, Paul Erikson na guitarra-baixo e Peter Ulrich na bateria. Esta foi alternando consoante os anos de modo a ser actualmente o casal de sempre a restar como firme fundição primordial dos Dead Can Dance.

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© Dead Can Dance ao vivo.

Desde o primeiro álbum com o mesmo nome, em 1984, a sua sonoridade foi alternando bastante. Desde o negrume musical post-punk/darkwave do álbum Dead Can Dance e de alguma réstia negra no segundo álbum de 1985, Spleen and Ideal, ao neoclássico e medieval de álbuns como Aion de 1990 ao belíssimo Into the Labyrinth de 1993 com os seus mantras orientais e influências étnicas terminando novamente com fusões étnicas e divagações de world beat no último álbum Spiritchaser de 1996. Este Spiritchaser atingiu, a propósito, o número um no chart da «Bilboard World Music».

O inusitado nome da banda (A Morte pode Dançar) poderia-nos levar por caminhos de Gotham City e arredores obscuros… no entanto, Brendon Perry responde claramente: “ O significado por detrás do nome tem a ver com a procura da vida inerente aos instrumentos musicais, que por si só são objectos inanimados, mortos ”. Os Dead Can Dance “ressuscitam” um conjunto de instrumentos (tambores, o Yangqin tocado por Lisa, um dulcimer típico da China …) estáticos e através deles criam elos de espiritualidade e profundidade musicais intemporais. Tanto nos podemos sentir quais princesas\príncipes em castelos medievais assistindo a sonoridades da época dos banquetes de D. João II como podemos navegar pelas ruas de Bombaim tendo a sumptuosa voz de Lisa ou de Perry a guiar-nos nesta rota musical em busca da nossa alma, que se perde na beleza que esses instrumentos, tão bem dominados, libertam. Juntam-se os cânticos gregorianos, os mantras e os ritmos africanos e encontramos um riquíssimo conteúdo músical alternativo. Rótulos não são com eles…já que tal riqueza musical é tão variada que seria redutor e inadequado inserir os Dead Can Dance em algum estilo definido.

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© Dead Can Dance, Lisa e Perry.

Citando o estudioso musical australiano Ian McFarlane ” Os Dead Can Dance constroem paisagens sonoras de grandeza fascinante e beleza solene…com poli-ritmos africanos, folk galaico, cânticos gregorianos, mantras do Meio Oriente e Arte-Rock”. Só mesmo um exemplo da qualidade dos Dead Can Dance poderá demonstrar o que as palavras tentam mas são insuficientes tal é a qualidade inquestionável. Para os fãs e os curiosos, deixo-vos com Sanvean ao vivo do álbum Toward the Within. Lisa Gerrard no seu melhor, poderosa, emocionante e uns Dead Can Dance inesquecíveis. Uma marcante banda da música alternativa mundial.

Fonte_ OBVIOUS