Ainda falando do passado…

Quando era jovem, aí pelos meus 16 anos
estava muito na moda os clubes de fãs das
artistas. Eu adorava a Simone e juntamente
com uma outra amiga Carmita(Maria do Carmo)
que infelizmente já morreu, resolvemos criar
o Clube de Fãs de Simone de Oliveira, mas
por sermos muito legalistas “fomos tramadas”
porque ao pedir autorização ao Governo
Cívil de Setúbal, não autorizaram, mas se mudássemos o nome para (o que eles queriam)
o que acabámos de fazer, passando a ser Grupo
de Beneficiência de Simone de Oliveira,eles lá
autorizaram.

A nós vieram juntar-se outras pessoas e teve
uma durabilidade de alguns anos.

Nesse tempo eu e a Carmita atrevemo-nos a pedir
à Simone para vir cantar à nossa “A Velhinha”
obviamente gratuitamente, e tivemos sorte em obter
um sim. Veio o pianista, o Henrique Mendes para
a locução e a Simone.

Isso aconteceu no dia 5 de Outubro de 1963 e foi
um grande sucesso. Sala cheia, pois muita gente
adorava a Simone.
Eu jamais poderia esquecer esse dia, talvez pouca
gente tivesse sabido “quem conseguiu que a Simone
cá estivesse gratuitamente”, mas passados 56 anos
já me atrevo a dizer que eu contribui muito para isso.

Obviamente que o agradecimento à Simone é eterno.

Irene Alves

Conversando…

Ao longo do tempo que tenho a minha
página no Facebook, pouco tenho falado
de mim, mas não sei se pelo avançar da
idade, sinto vontade de conversar sobre
algumas coisas do m/passado.

Quando aconteceu o 25 de Abril tinha
28 anos de idade e tinha começado a
trabalhar com 9 anos!!! Uma grande
verdade…

Mas no 25 de Abril estava a trabalhar
em algo ligado ao Cinema(composição
de legendas cinematográficas), num dos
3 Laboratórios que havia em Portugal,
mais concretamente em Lisboa, há cerca
de 7 anos.

Não tinha grandes conhecimentos
políticos, nem sindicais, mas senti que
era à esquerda democrática que me
devia situar e assim foi.

Por estranho, que possa parecer, na
atividade cinematográfica, envolvendo
todos os sectores que tinha a ver com
os filmes, nenhum trabalhador usufruia
de um contrato coletivo de trabalho e
havia até quem afirmasse que isso
nunca iria acontecer, por exemplo,
António Lopes Ribeiro.

Convidaram-me para concorrer numa
lista candidata às eleições para o Sindi-
cato das Atividades Cinematográficas,
e eu aceitei. Lembro-me de estar com
o Afonso, com o drº. Vitor Ramalho
entre outros.E a luta começou entre o
Sindicato e as entidades patronais para
elaborar o primeiro contrato coletivo de
trabalho. Foram semanas e semanas
muito cansativas e de viagens por todo
o país.Finalmente há acordo entre pa-
trões e sindicatos e o mesmo é assinado.

Só que para nosso espanto, o mesmo
não aparecia publicado, e enquanto o
Ministério da Comunicação Social e
do Trabalho não dessem ordem para
a sua publicação ele não entrava em
vigor.

Foram mais dias de luta, de manifesta-
ções dos trabalhadores das várias
atividades à porta desses dois Ministé-
rios, e enfim coisas mirabolantes, como
ameaçarem os sindicalistas, com Caxias.

Mas tudo foi superado e finalmente
o contrato foi publicado e viemos a
usufruir das regalias que no mesmo
estavam estabelecidas.

Portanto é bom para mim saber que
contribuí para o primeiro contrato coletivo de trabalho da atividade
cinematográfica em Portugal e isso
é gratificante para mim.
Irene Alves