OS DEAD CAN DANCE

Cânticos gregorianos, mantras do Oriente, música medieval, ritmos africanos e uma fabulosa voz de

contralto  de Lisa Gerrard. Rótulos não são com eles…já que tal riqueza musical é tão variada

que seria redutor e inadequado inseri-los em algum

stilo definido. Confusos? São os Dead Can Dance.

 

01_Dead_Can_Dance_01.jpg
© Dead Can Dance, Lisa e Perry.

O seu aspecto angelical e frágil faz-nos suspeitar que a doçura que transparece se prolongue na sua voz. Engano puro. Em cima de um palco Lisa Gerrard solta o diamante em bruto que carrega dentro de si : a sua voz. Dramática, profunda, vibrante. Lisa projecta a voz como um furacão sonoro que por onde quer que passe nos agita emocionalmente.

A banda reuniu-se em 2005 para uma tournée mundial. Foi um marco considerável pois teve o dom de juntar os dois fundadores e protagonistas dos Dead Can Dance desde a separação em 1998. Algo que curiosamente se repetirá para encanto dos muitos fãs. Está agendada uma nova tournée em finais de 2012 para promover o novo álbum Anastasis.
Lisa Gerrard e Brendan Perry, que já foram casados, voltaram a encantar e a espalhar melâncolia pelo público fazendo a audiência recordar os áureos anos 80. A banda começou precisamente em 1981 em Melbourne, Austrália. O casal mudou-se entretanto para Londres em 1982 com mais elementos, a saber: Paul Erikson na guitarra- baixo e Somon Monroe na bateria. No entanto a formação no Reino Unido mudará para Brendan Perry vocalista e guitarrista, Lisa Gerrard, vocalista, James Pinker nos teclados, Paul Erikson na guitarra-baixo e Peter Ulrich na bateria. Esta foi alternando consoante os anos de modo a ser actualmente o casal de sempre a restar como firme fundição primordial dos Dead Can Dance.

02_Dead_Can_Dance_ao_vivo_02.jpg
© Dead Can Dance ao vivo.

Desde o primeiro álbum com o mesmo nome, em 1984, a sua sonoridade foi alternando bastante. Desde o negrume musical post-punk/darkwave do álbum Dead Can Dance e de alguma réstia negra no segundo álbum de 1985, Spleen and Ideal, ao neoclássico e medieval de álbuns como Aion de 1990 ao belíssimo Into the Labyrinth de 1993 com os seus mantras orientais e influências étnicas terminando novamente com fusões étnicas e divagações de world beat no último álbum Spiritchaser de 1996. Este Spiritchaser atingiu, a propósito, o número um no chart da «Bilboard World Music».

O inusitado nome da banda (A Morte pode Dançar) poderia-nos levar por caminhos de Gotham City e arredores obscuros… no entanto, Brendon Perry responde claramente: “ O significado por detrás do nome tem a ver com a procura da vida inerente aos instrumentos musicais, que por si só são objectos inanimados, mortos ”. Os Dead Can Dance “ressuscitam” um conjunto de instrumentos (tambores, o Yangqin tocado por Lisa, um dulcimer típico da China …) estáticos e através deles criam elos de espiritualidade e profundidade musicais intemporais. Tanto nos podemos sentir quais princesas\príncipes em castelos medievais assistindo a sonoridades da época dos banquetes de D. João II como podemos navegar pelas ruas de Bombaim tendo a sumptuosa voz de Lisa ou de Perry a guiar-nos nesta rota musical em busca da nossa alma, que se perde na beleza que esses instrumentos, tão bem dominados, libertam. Juntam-se os cânticos gregorianos, os mantras e os ritmos africanos e encontramos um riquíssimo conteúdo músical alternativo. Rótulos não são com eles…já que tal riqueza musical é tão variada que seria redutor e inadequado inserir os Dead Can Dance em algum estilo definido.

03_Dead_Can_Dance_Lisa_e_Perry_03.jpg
© Dead Can Dance, Lisa e Perry.

Citando o estudioso musical australiano Ian McFarlane ” Os Dead Can Dance constroem paisagens sonoras de grandeza fascinante e beleza solene…com poli-ritmos africanos, folk galaico, cânticos gregorianos, mantras do Meio Oriente e Arte-Rock”. Só mesmo um exemplo da qualidade dos Dead Can Dance poderá demonstrar o que as palavras tentam mas são insuficientes tal é a qualidade inquestionável. Para os fãs e os curiosos, deixo-vos com Sanvean ao vivo do álbum Toward the Within. Lisa Gerrard no seu melhor, poderosa, emocionante e uns Dead Can Dance inesquecíveis. Uma marcante banda da música alternativa mundial.

Fonte_ OBVIOUS