TARDE DE MÚSICA – Florbela Espanca

Só Schumann, meu Amor! Serenidade…
Não assustes os sonhos…Ah! não varras
As quimeras…Amor, senão esbarras
… Na minha vaga imaterialidade…

Liszt, agora o brilhante; o piano arde…
Beijos alados…ecos de fanfarras…
Pétalas dos teus dedos feitos garras…
Como cai em pó de oiro o ar da tarde!

Eu olhava para ti…”é lindo! Ideal!”
Gemeram nossas vozes confundidas.
– Havia rosas cor-de-rosa aos molhos —

Falavas de Liszt e eu…da musical
Harmonia das pálpebras descidas,
Do ritmo dos teus cílios sobre os olhos…

Florbela Espanca – Reliquia

(retirado da página de Anabela de Araújo,

com a devida autorização, do Faceook).

tarde

 

UMA ODE… a Phantasos Ou a METÁFORA…dos SONHOS ERRADOS…
pantasos Nos meus sonhos Na ânsia de te encontrar… Estou “farto de amar”!… … Esta…aquela…e a outra Hoje…amanhã e depois!… Mas nunca…nós os dois!… São sempre sonhos irreais… Errados… e envenenados Por imagens banais Que te escondem… E nos mostram separados… Dizem… que são o favor (?!)… De um Deus que se faz mulher E porque não gosta do Amor (!?….) Ou por outro capricho qualquer Comanda e engana… o meu sonhar…. Mas a verdade do porquê… Deste nunca te encontrar…!? Não sei… Fantasiando… Assim de repente… Talvez esse Deus prepotente Esteja só a copiar O que já nos acontece na vida real: Vivemos cada vez mais separados Nos sonhos… e nos pecados! E por tal…torna-os tristonhos… Igual… aos nossos instantes Passados… em sonhos Ou acordados… Se assim for… Só ampliou a dimensão de uma dor Que no Amor se instala Quando a separação acontece … Mas o meu coração não se cala E diz: “Estou farto!…sim… Mas só dos meus sonhos … E às vezes… também de mim…
Já de ti…e contigo…
Nem depois…nem antes!…
E se isto é uma forma de castigo…
Que foi de mal que eu fiz!?…
E quando é que tudo isto tem fim?!…”
Manuel Sepúlveda
Ilustração: Pintura de Yarek Godfrey
(extraído,com autorização,
da página de Anabela de Araújo
do Facebook)

William Shakespeare – Soneto 19 e EU TE DESPERTAREI – Célia Laborne

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Tempo voraz, corta as garras do leão,
E faze a terra devorar sua doce prole;
Arranca os dentes afiados da feroz mandíbula do tigre,
E queima a eterna fênix em seu sangue;
Alegra e entristece as estações enquanto corres,
E ao vasto mundo e todos os seus gozos passageiros,
Faze aquilo que quiseres, Tempo fugaz;
Mas proíbo-te um crime ainda mais hediondo:
Ah, não marques com tuas horas a bela fronte do meu amor,
Nem traces ali as linhas com tua arcaica pena;
Permite que ele siga teu curso, imaculado,
Levado pela beleza que a todos sustém.
Embora sejas mau, velho Tempo, e apesar de teus erros,
Meu amor permanecerá jovem em meus versos.

(William Shakespeare – Tradução de THEREZA CHRISTINA MOTTA)

Fonte; A Magia da Poesia

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EU TE DESPERTAREI
Célia Laborne

Quando o eterno movimento das areias
florecer ao leve toque do vento,
eu te despertarei, oh! meu querido.

Renascidas estão as manhãs
e o orvalho condensa pérolas
nos lírios.
Quando a pureza atingir
a fonte da vida,
sob o carinho dos sonhos,
eu te despertarei,
oh! doce amado.

Reveladas estão as chuvas
sobre árvores frutificadas.
O repouso da noite,
na benção dos sinos,
une nossas vidas
para todo o sempre.