MULHER que recebi do Francisco Domingues a quem muito agradeço

Poetas te têm cantado,

Cantam-te a ti e ao teu fado

Cantam-te de forma linda.

Falam da tua beleza,

Tua alegria e tristeza

E da tua graça infinda.

Falam daquilo que é fácil,

Que é perfeito, que é grácil.

Não se metem por caminhos

De pedras e outros escolhos

Onde pisas os abrolhos

Que te ameaçam de espinhos.

A tua força, quem a canta?

E a tua coragem que é tanta?

O teu sofrimento calado,

Por um desgosto sofrido,

Por um gesto incompreendido

Por um amor adiado?

E o teu papel de mãe,

De esposa, filha também?

Quem canta a metamorfose

Que acontece dia a dia,

Amor que, por alquimia,

Atravessa a tua osmose?

Vou eu cantar-te e dizer-te

Que o que eu queria era ver-te

Bem retratada no canto.

Soubesse eu fazer poesia

E escreveria e dizia

Exprimindo o meu encanto:

– Que és o prato da balança,

Fiel da perseverança,

Do equilíbrio do amor.

E neste balancear

Do receber e do dar

És a metade maior!

E, mulher, também te digo:

-Teres teu dia ainda é castigo

Que não mereces, eu sei.

Que não se faz a igualdade

Embrulhada na ambiguidade

De um qualquer decreto-lei.

Março de 2012

Rogério Pinto