Poetas te têm cantado,
Cantam-te a ti e ao teu fado
Cantam-te de forma linda.
Falam da tua beleza,
Tua alegria e tristeza
E da tua graça infinda.
Falam daquilo que é fácil,
Que é perfeito, que é grácil.
Não se metem por caminhos
De pedras e outros escolhos
Onde pisas os abrolhos
A tua força, quem a canta?
E a tua coragem que é tanta?
O teu sofrimento calado,
Por um desgosto sofrido,
Por um gesto incompreendido
Por um amor adiado?
E o teu papel de mãe,
De esposa, filha também?
Quem canta a metamorfose
Que acontece dia a dia,
Amor que, por alquimia,
Atravessa a tua osmose?
Vou eu cantar-te e dizer-te
Que o que eu queria era ver-te
Bem retratada no canto.
Soubesse eu fazer poesia
E escreveria e dizia
Exprimindo o meu encanto:
– Que és o prato da balança,
Fiel da perseverança,
Do equilíbrio do amor.
E neste balancear
Do receber e do dar
És a metade maior!
E, mulher, também te digo:
-Teres teu dia ainda é castigo
Que não mereces, eu sei.
Que não se faz a igualdade
Embrulhada na ambiguidade
De um qualquer decreto-lei.
Março de 2012
Rogério Pinto